
A importância do setor florestal
paulista não pode ser aferida
somente pelo prisma da produção
madeireira propriamente dita,
mas há que computar também a
produção não madeireira e
ambiental.
Assim, quando se fala em
agronegócio florestal se
vislumbra não só, uma gama
enorme de produtos
industrializados de madeira,
material para infraestrutura
rural e construção civil,
produção de fibras, resinas,
energia, sementes, óleos,
remédios, alimentos, todos de
fácil mensuração e valoração,
mas também os produtos
ambientais, bens e serviços
advindos da floresta, quais
sejam o seqüestro e estocagem de
carbono, produção de água,
proteção dos mananciais, da
biodiversidade e do habitat,
harmonização da paisagem e
estabilização climática,
produtos estes de difícil
quantificação, quando não, em
muitos casos, de impossível
valoração.
Dados levantados pelo Projeto
LUPA 2007/2008 (São Paulo 2009)
permitem avaliar que a área
florestal de São Paulo ascende a
4,55 milhões de hectares que
representam 18,3% do território
estadual, sendo que, desse
total, 75,8% são de florestas
nativas (3,45 milhões de ha ou
13,8% da área estadual).
Do total da
área florestal, as florestas
plantadas ocupam 1,1 milhão de
hectares ou 4,4% do território
paulista, ocupando o eucalipto
78% desta área, pinus 14% e a
seringueira 8%, deixando-se de
mencionar outras espécies, por
sua ocupação não ser
representativa, menos de 1%.
Outro dado
interessante que se extrai,
também, do projeto LUPA é que a
produção de florestas plantadas
está presente em mais de 49 mil
propriedades rurais do Estado de
São Paulo, o que demonstra a
importância da pequena e média
propriedade na produção
florestal, fato que não era tão
usual duas décadas atrás; donde
se pode concluir que um dos
fatores preponderantes na
mudança de cultura do pequeno e
médio proprietário rural quanto
à forma da exploração de suas
propriedades, foi o fomento
florestal proporcionado pela
Reposição Florestal, executado
através do modelo das
Associações de Reposição
Florestal do Estado de São
Paulo.
A título de
exemplo, na Décima Região
Administrativa do Estado, nos 53
municípios que compõem a área de
atuação da Pontal Flora,
inexistiam florestas plantadas,
à exceção dos plantios
incentivados, da década de
sessenta, no município de
Rancharia. Contudo, esse quadro
começou a mudar com a fundação
da Pontal Flora que aos poucos
foi alicerçando, regionalmente,
a cultura do florestamento, como
nova opção de emprego e renda na
pequena e média propriedade
rural. Como conseqüência desse
convencimento, a partir da
inauguração de seu viveiro de
produção de mudas nativas e
exóticas, 1993, pequenos
maciços florestais foram mudando
a paisagem rural, e hoje já
podem ser contabilizados, quer
com fomento quer sem, cerca de
7.500 ha de florestas plantadas,
em mais de 500 pequenas e médias
propriedades rurais, cujas mudas,
produzidas no viveiro da
associação, alcançam a marca
de 15 milhões.
A produção madeireira, em 2008,
do setor estadual de florestas
plantadas foi da ordem 41,6
milhões de m³, sendo a demanda
estimada em 45,12 m³, gerando um
déficit no abastecimento de
cerca de 8,5%, que foi suprido
com a importação de matéria
lenhosa de outros estados.
De ressaltar
que o montante desse déficit se
iguala aos valores da demanda de
todo o setor de processamento
mecânico, 4,7 milhões de m³,
ficando o setor de energia com a
marca de consumo de 8,95 milhões
de m³, contudo, muito aquém da
grande demanda do maior setor de
consumo, celulose e chapas/painéis,
com seus 31,47 milhões de m³.
A análise,
ainda que pela rama, dos dados
apresentados do consumo paulista
de produtos madeireiros, nos
leva a concluir que, apesar do
crescimento da área das
florestas plantadas, e do salto
da produtividade, principalmente
dos plantios de eucalipto que em
pouco mais de uma década, quase
dobrou, ainda há um largo campo
aberto para a expansão inadiável
da atividade florestal de modo a
colmar o vazio que separa a
produção da demanda do consumo.
O agronegócio florestal
constitui-se, assim, numa das
principais vertentes de
desenvolvimento que podem
aportar geração de emprego e
riqueza para a Décima Região do
Estado de São Paulo, vez que as
condições edafoclimáticas e
estoque de terras propícias ao
reflorestamento são apanágio da
região.
Ao contrário
de outros setores
agroindustriais que exportam
seus produtos principalmente na
forma de “commodities” agrícolas,
o setor de florestas plantadas
impulsiona uma cadeia de
produção, industrialização e
comercialização que agrega valor
aos produtos, revertendo-se em
riqueza regional.
Sob o ponto de vista ambiental,
tanto a cobertura florestal
nativa, quanto as florestas
plantadas são de suma
importância no enfrentamento das
questões relativas a mudanças
climáticas, aquecimento global e
efeito estufa, como inúmeros,
abalizados e confiáveis estudos
científicos têm alertado para os
crescentes volumes de emissões
de CO², a níveis incompatíveis à
sustentabilidade terrestre.
Nesse sentido,
o encontro recente entre os
líderes dos 17 maiores países
poluidores do mundo, realizado
em Áquila, Itália, com a
presença do Brasil, representou
um avanço diplomático, ao lograr-se
obter um compromisso consensual
quanto ao objetivo de limitar a
dois graus centígrados o
aquecimento do planeta em 2050,
quando comparado às temperaturas
prevalentes no início da era
industrial.
Contando com
fontes de energia renováveis e
limpas e uma cobertura florestal
que, se preservada e expandida,
é impar no mundo, o Brasil se
encontra numa posição
privilegiada, estratégica e
única nas discussões sobre
aquecimento global, pela pressão
que pode exercer sobre os países
desenvolvidos com vistas a obter
aportes consideráveis de
recursos financeiros, seja como
pagamento por serviços
ambientais ou ecossistêmicos,
tornando finalmente real o valor
da produção florestal com seu
potencial de seqüestro de
carbono, seja pela manutenção da
floresta em pé, como forma de
estocagem de carbono. Que haja
competência na elaboração de
políticas públicas que
viabilizem essas negociações, é
o que se espera das esferas
governamentais.
É por isso
que reflorestar é preciso!!!
|